29/07/2010 12:18

Bruno Senna: A F-1 hoje em dia é um negócio

"O resultado final é esporte, mas existe a política operando um pouco"

Em um longo e sincero depoimento, Bruno Senna refletiu sobre o mundo da F-1, colocado em descrédito após a ordem de equipe da Ferrari para Felipe Massa ceder a vitória ao companheiro Fernando Alonso.
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Sobrinho de Ayrton Senna e estreante na categoria, Senna viveu uma situação extra-pista, onde perdeu a vaga no GP da Inglaterra para Sakon Yamamoto, mas nunca passou por algo semelhante dentro da pista e, mesmo sem querer se envolver no caso do colega brasileiro, ficou do lado dos pilotos.

"É muito fácil julgarem o que os esportistas fazem sem estarem na posição deles", disse Bruno, que criticou, de certa forma, a pressão também da torcida brasileira. "Pelo que eu sinto da torcida brasileira, o esportista tem obrigação de vencer, como na Copa. O esportista quer o torcedor que torce pelo sucesso dele, não que o odeie. É uma questão de educação."

Segundo o piloto da Hispania, a F-1 é nada mais que um negócio, acima do esporte. O esporte são os pilotos O negócio são todas as outras pessoas. A realidade é que a politica no esporte é muito forte hoje em dia. Existe esporte, o resultado final é esporte, mas existe a política operando um pouco os resultados."

Confira a entrevista em detalhes, dividida em tópicos, e ouça o áudio completo no fim da página:

Julgamento de Massa pela opinião pública

"É muito fácil julgarem o que os esportistas fazem sem estarem na posição deles. Não vou defender ninguém. É uma situação complicadíssima e só quem está lá sabe o que tem ou não de fazer. Ficou claro que ele me deixou passar. Fiquei surpreso ao ver o Alonso na frente. É uma coisa que se tornou pública e, se isso é bom ou não para o Felipe, temos de esperar."

"Nunca passei por essa situação; não posso te afirmar com segurança se é melhor ou não. Talvez mais para a frente posso te afirmar com mais precisão. Não temos ordens de equipe. Em Silverstone, aconteceu fora da pista, mas a questão de ordem é uma coisa que ainda não passei."

"Ninguém gosta de abrir mão. Eu me sentiria mal, mas é fácil de julgar. A gente não sabe o contexto e o que vai acontecer. Claro que queria ver o Felipe ganhando, ele estava fazendo uma corrida boa. Se tem dois companheiros brigando, o negócio é passar na pista."

Pressão da torcida brasileira

"Esporte é esporte. Pelo que eu sinto da torcida brasileira, o esportista tem obrigação de vencer, como na Copa. Não é justo para ninguém lidar com esse tipo de pressão. Ninguém que compete em esporte de alto nível tem obrigação de ganhar nada. As pessoas têm de entender que o esporte é competição. Ninguém é invencível. É uma coisa que todo mundo tem de se educar, aprender a torcer pelo sucesso do esportista, e não só pela vitória. Ele pode ser bem sucedido, mesmo não sendo o campeão. É uma profissão. Você faz porque gosta e não porque você só pode ser campeão. É como em um escritório. Ninguém precisa ser o melhor. Se colocassem essa pressão, o mundo talvez fosse melhor; ou não, seria cheio de cobras. O esportista quer o torcedor que torce pelo sucesso dele, não que o odeie. É uma questão de educação".

Explicação para Massa ter cumprido a ordem sem reclamar

"Acho que estamos no meio da temporada e tem muita corrida pela frente. É difícil argumentar para um cara perder a corrida no meio da temporada. Às vezes, você sacrifica uma corrida e ganha coisas na frente. O Massa é um cara inteligente, tem bastante experiência no meio, espero que ele tenha tomada a decisão mais correta."

F-1 é um negócio

"A F-1 é um negócio antes de ser um esporte. O esporte são os pilotos que estão fazendo. O negócio são todas as outras pessoas. Para o piloto é extremamente frustrante, mesmo antes da F-1, estar em uma situação onde o negócio é maior. A realidade é que a politica no esporte é muito forte hoje em dia, e isso não transparece tanto para quem está fora. A gente sabe como funciona a máquina. Existe esporte, o resultado final é esporte, mas existe a política operando um pouco os resultados."

Melhor maneira de lidar com uma ordem de equipe

"Existem várias formas de se criarem ordens de equipe. Isso pode ser escondido ou explicito. A regra meio que impede, de uma certa forma, as coisas de serem tão explícidas, mas existem de qualquer forma. Se eles querem implementar, tem de ser algo severo, que impeça as equipes de fazerem. Se tiver isso, uma equipe pode pensar duas vezes antes de fazer. Normalmente existe uma preferência e a obrigação do piloto é fazer o melhor que pode, politica e esportivamente."

Expectativa para a Hungria

"Será uma corrida difícil. Esta pista não é uma das que combinam com o carro; Hockenheim favorecia. Aqui vamos ter de ralar um pouquinho, pois a pista tem curvas longas onduladas e exige downforce, coisas que não temos em abundância. É uma pista que favorece quem tem downforce; o motor não conta."

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